I
Estaco, quedo-me
resoluto - decido (pel)o
silêncio.
II
Aprecio o deambular
sonâmbulo, do hipnotizador
sodomizado pela própria cauda.
III
Esvaio-me, um sorriso,
malícia sobre sangue, esperma
derramado em vão.
IV
Toco o vermelho sem
repulsa sem desejo
sem indiferença.
V
Acasalo com o demónio
sem contraceptivo
– o domínio silente.
VI
Ele toma a forma de
serpente, eu reinvento-me
covil e vara - antídoto envenenado.
VII
Metamorfose em corpo
de mulher, cadáver, imagem
- resisto, não definho no nojo.
VIII
Vagueio pelo corpo corrompido
como pelo virginal – cubro-o de
de saliva como de sémen.
IX
Passeio pelas entranhas da luz
(decrepitude última que o fim
admite) – “Sentes-me? Dói?”
X
Não te chamei em vão
nem foi a ambição móbil
faustiano da invocação silente.
XI
Vejo a tua morte num assomo
de lume aos olhos que me inundam
desta destemida volptuosidade.
XII
Cedeste tarde ao prazer que
injectaste, esvais-te cedo no amplexo
que te nego, ego saturnino.
XIII
Queda-te tu agora (infinito e
esquálido), seco pelo vento árido
que te prolonga o uivar eterno.
último cristal
Oco de ti, sobrevive pouco
do brilho que enunciou o canto
- ecoa livre agora, o silêncio.
1 comentário:
caramba, isto é bom!
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