terça-feira, março 27, 2007

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a luz morna sobre um
olhar fechado
revela-se parca para
o desvendar da inefável
película de sonho que
espreita pelas narinas
quietas quase tranquilas


12.05.03

(in um barco de papel para Afrodite, 2003)

quinta-feira, março 08, 2007

impromptu II - receituário



cada hora de solidão, um milénio de serenidade
cada minuto de olhos abertos, eternidades vazias de luz para não ver, não...
cada passo, léguas que não levem a destino algum
cada suspiro, golfadas de ar para que voe como um balão e veja a vida lá de cima e veja se percebe alguma coisa do mapa
cada olhar de angústia, um telescópio donde possa ver a sua alma a preto e branco como nas fotografias dos mortos

cada vez que acorda, ver o nascer de uma estrela
cada vez que adormece, ver a morte de uma flor



(preciso de mim, e não sei onde me perderam)

08.01.02
(in despojos de lume e de medo, 2002)