quarta-feira, agosto 29, 2012


5.
 
ler silêncios no lugar
do dito
 
escutar o grito
que do passado mudo
sobrevive na dor
das coisas amadas
 
- ecce ars
 
treze, 3: mmxii

quinta-feira, maio 24, 2012


4.


estremecem fulgores dolorosos
de felicidades abandonadas
(o dia irrompe num sopro de
presente,
a chama hesita e
sangra)


penetra na luz violenta uma
tenebrosa passividade
- entre a memória e
o visco que nos
escraviza contra todo
o olvido


treze, 3: mmxii

domingo, abril 15, 2012


3.


soprou forte o vento sobre


as cinzas do jardim


a preto e branco




as pedras escureceram


suspensas no negrume


da tarde antiga




os esqueletos dos pássaros


desenham mal o passado


- outro vento os embala


quatro, 3: mmxii

domingo, março 25, 2012


2.


afogo de lágrimas o azul


purpúreo do teu silêncio





dezoito, 2: mmxii

quinta-feira, março 08, 2012


1.


a muralha era um facto lúcido

invisível, cristalino, morto

na fronteira do real


lugar de feitiço, a muralha existiu

uma hora, e deixou a transparência

entrar em mim, inadvertidamente



hoje não existe o lúcido traço (

lembra-te, não procures mais
por mim adentro

)



s.d.