domingo, janeiro 09, 2005

... para agradar ao Diabo: primeira parte - o encantamento ancestral

III

Medeia mais de uma
vida vazia entre as
mortes consequentes
dos príncipes idílicos
que me povoam em
cada eternidade vivida;
esqueço-te/-me/-vos
sem que seja alto ou
ridículo sequer o preço.

Inicio, reinicio a queda
sem aparato nem nojo
agora, porque o verão
fará apodrecer agora
os resquícios de vida
que as palavras tiverem
deixado acesos ainda
como brasas em casa
de campo, madrugada
adentro, manhã afora.

Penso que sei afinal
mais do mundo do
que quando cheguei;
os primeiros dias
foram estranhos e
inquietantes, mas a
fome a sede e a fé
dão ao sentido o que
de sentido lhe falta;
depois é uma questão
de espaço – para ser
para criar destruir
e acima de tudo odiar.

Agora parto? Ou resta
aniquilar alguma alma
mais? Ou deambular
mais uma eternidade
p’las pantanosas areias
de mais um espírito
estúpido e crédulo?

Resistem em mim mil
vermes ainda sãos.
Ou quase mil, já que
tu também por agora
desfaleces pálido e nu.

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