...do livro que estou a ler
“Eu já tinha ouvido falar dele mas nunca o tinha visto. Estava à espera que aparecesse. A vivenda onde eu tinha alugado um quarto nesse Verão ficava no alto de uma colina. Chamava-se Vila Cornélia. Era a última da aldeia. Foi por isso que o jovem tártaro só passou pela minha casa depois de ter estado em todas as outras. Mas foi, de qualquer maneira. Era o seu ofício: ganhava a vida a exterminar as moscas. Chegou uma tarde, pelas duas horas. Eu estava a dormir a sesta. Ouvi-o bater à porta e fazer a pergunta: «Tem muitas moscas?» Saltei logo da cama. Estava ansioso por o conhecer. Tinha moscas, é claro, como toda a gente em Tekirghiol, mas o que me interessava mais era conhecê-lo. «Bastantes», respondi-lhe eu. «Que vai fazer com elas?» «Vou expulsá-las e durante uma semana não tornam a aparecer. Se vier alguma, o senhor não me paga». «Quanto quer pelo serviço?» «Um leu. Metade agora e o resto para a semana. Se nessa altura me mostrar uma só mosca que seja, devolvo-lhe o que me deu por conta.» «Combinado», disse eu. «Vou ver como o senhor faz.»"
in Rua Mântuleasa, de Mircea Eliade (trad. Ricardo Alberty) para a Ulisseia.
1 comentário:
Boas leituras, R.E.!
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