Sobre a mesa, o olhar
submisso - discernir
o reflexo (o deambular
no lago de vinho
esquecido)
do quadro que se espraia
no pó das paredes.
não o bebeu
(um fantasma
derramou-o) pela
ausência
de corporeidade –
razão peso timbre.
sob o olhar, a mesa
altiva - a permanência
contra a mutabilidade
dos ecos dos rastos
de ontem, de qualquer
invenção do desejo.
Jan.24.MMV
(in livro xiii)
6 comentários:
Tanta solidão...
Gosto de mesas. Num poema que escrevi tb me sentava à mesa. Diferença de géneros, feminino masculino? eu cobria-a com uma toalha de linho. por cima da toalha uma jarra, duas jarras de vidro baço. lado a lado. uma preenchida de água e pés de rosa, outra cheia de pétalas secas e de pó. exercício diário: transferência de pétalas entre recipientes. assim, num movimento automático. depois de pousar as chaves. depois, lentamente. até a ausência ocupar toda a mesa, toda a casa, aspirar oxigénio e eu sufocar.
Belo poema, quanta solidão! -retomo o já dito.
E MRF, mande-nos os eu poema.Vou vers e está no seu blogue
Belo e com uma estrofe final magnífica!
helena, falta a esta natureza morta uma romã, eu sei, mas há quem fale melhor delas :)
amélia e res nulius, o vosso olhar recaiu sobre o que a ausência evoca, e comungaram na emoção. todos estes textos agrupados em "livro xiii" têm este véu menos diáfano que os cobre, desde o primeiro, "tríptico para o Diabo".
diva, e quando é que te resolves a partilhar a tua poesia? a tua iniciativa na divulgação é já reconhecida, mas a tua escrita chama pela nossa leitura também. gostava de ler esse de que falas aqui.
obrigado pela visita e pelos vossos comentários. J.
Suave este poema...gostei! Voltarei para ler o restante...Abraço :-)))
http://eternamentemenina.blogs.sapo.pt/
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