a morte não existe senão no capítulo infindo da nossa angústia
a morte não existe senão no parágrafo visionário da capacidade de sonhar
a morte não é
a morte não se diz morte quando se nomeia
a morte não se nomeia quando se pensa
a morte não se pensa no momento em que existe
(porque a morte não existe...)
mas apenas naquele em que se impõe como metáfora
a morte é a nossa necessidade dela
a morte é a devolução do que lhe demos inconscientemente
27.10.02
(in infinitas impossibilidades, 2002)
a morte é a nossa necessidade dela
a morte é a devolução do que lhe demos inconscientemente
(ao longo de uma noite de intensa solidão criativa
ou de uma vida de imenso vazio colorida)
ou de uma vida de imenso vazio colorida)
27.10.02
4 comentários:
e dessa solidão criativa retiramos à morte o sonho que suponhamos extinto...
beijos.
"A morte não é" - penso o mesmo. Belo poema, Jorge, desfiando o absurdo de querer dizer o que o Eu nunca poderá conceber ou experienciar.
Beijo
I don't know what death is.
I don't know what life is.
But I think they must be two aspects of the same reality.
But if I think, am I alive or dead?
--Eddy
(Ficou a apetecer-me deixar-te aqui segmentos, não necessariamente coincidentes, mas suficientemente conexos)
renomear
quando as mãos não tocam
chamam-se fim de braço
quando a um braço se encosta um corpo
chama-se a esse braço cadeira
quando uma asa de pássaro não escreve nos lábios sorriso
boca é uma parte do rosto que se chama boca
de pouco serve a poesia que se explica
porque a poesia não serve; renomeia
observe-se se o falador
se cala ou se fala a dor de outra maneira
(24.jan.2005)
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