nunca ansiei pela resposta ao que
não sabia porque não sei o que
ficaria colorido ou a preto
ou a branco depois
a lua passaria a vestir mais
cetim vermelho?
perguntar é respirar o sal
e o lume pelos poros que
a juventude abre e limpa
the answered question deixaria
de ter quatro flautas, soaria
somente o clarim da morte
08.05.03
(in a incerta permanência da dúvida, 2003)
[nota: "the unanswered question" é uma obra de Charles Ives para trompete (fora de palco), quatro flautas, e orquestra de cordas]
6 comentários:
olá R.E.,
há uns dias que não tenho tempo para "te" ler :(
Quando se tiver a resposta, busca-se uma nova pergunta...
Sempre procurei. Respostas. Mesmo aquelas que não podiam ser dadas.
E gritei. Exigindo. E sofri. Quando as tive. E também quando não as tive. E corri. Até cair de exaustão.
Socorro, quero respirar!
Hoje já não procuro, encontro. E quando não encontro também não faz mal.
Sou muito mais feliz!
Anseio apenas e sem pressa
pela paz e serenidade de quem viveu plenamente
para que a morte chegue como
“um gesto leve e tranquilamente belo”...
Um beijo.
Lua (...branca.)
Muito bom,amigo.
Associações de leitor: (memória)"não queira saber porquê. certas coisas têm de acontecer. é claro que pode fazer psicanálise durante 5 ou 10 anos. mas era melhor aceitar. e continuar. e um dia, se calhar, a resposta aparece."
Impressão de leitora: gosto da lua vestida de cetim vermelho e das 4 flautas. como dizia o Rimbaud, a poesia é o encontro do improvável.
Gosto do que leio aqui, gosto dos teus poemas e do que me provocam - como este que defende "unansered questions", como quem deseja manter precários (e subtis)estados de tensão em equilíbrio. Belo, Jorge!
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