quarta-feira, fevereiro 09, 2005

o triunfo dos insectos

(Não há metamorfoses reais) – É psicossomático
o vómito incontrolado. A goma de saliva que escorre, que
se passeia pelas mandíbulas abertas, que desagua no ventre escamado,
é um rio como outro qualquer. Não são peganhentas as polpas dos dedos, não
há mais do que dois olhos límpidos e sem morbidez. Não são asas
estes membros que almejam chegar ao topo dos abrunheiros, nem asas são
estes sonhos
frios e despovoados. Não são mortais as trémulas dentadas, os golpes
de língua, os beijos de louva-a-nós, de alva viúva. Perdemos.
Na peçonha que não deixamos nas coisas, na invisibilidade que ofuscamos com
os corpos deformados p’lo tempo.
Perdemos. Empatamos com o escorpião

– (mas transfigurações do mal)

Fev.09.MMV


(in a geometria da inexistência)

4 comentários:

Caty disse...

não vou referir a interpretação que dei ao texto...so digo...GOSTEI...:)

Rita disse...

Tantos bichos!

E tanta saliva...

Também muitas cores.

E um arrepio na espinha.

Unknown disse...

Gregor Samsa himself
autofobia?!

blimunda disse...

eta rapazinho que psicometamorfose!!! gostei especialmente da parte do louva-a-nós. sabe-se lá porquê recordou-me o acasalamento do louva a deus... estranho que tal bicho tenha o nome de louva a deus, não é... insectos, brrrr, fazem arrepios na espinha. mas sinto uma atracção incrível por eles... são criaturas espantosas de recursos ainda mais espantosos. já nós...