(Não há metamorfoses reais) – É psicossomático
o vómito incontrolado. A goma de saliva que escorre, que
se passeia pelas mandíbulas abertas, que desagua no ventre escamado,
é um rio como outro qualquer. Não são peganhentas as polpas dos dedos, não
há mais do que dois olhos límpidos e sem morbidez. Não são asas
estes membros que almejam chegar ao topo dos abrunheiros, nem asas são
estes sonhos
frios e despovoados. Não são mortais as trémulas dentadas, os golpes
de língua, os beijos de louva-a-nós, de alva viúva. Perdemos.
Na peçonha que não deixamos nas coisas, na invisibilidade que ofuscamos com
os corpos deformados p’lo tempo.
Perdemos. Empatamos com o escorpião
– (mas transfigurações do mal)
Fev.09.MMV
(in a geometria da inexistência)
4 comentários:
não vou referir a interpretação que dei ao texto...so digo...GOSTEI...:)
Tantos bichos!
E tanta saliva...
Também muitas cores.
E um arrepio na espinha.
Gregor Samsa himself
autofobia?!
eta rapazinho que psicometamorfose!!! gostei especialmente da parte do louva-a-nós. sabe-se lá porquê recordou-me o acasalamento do louva a deus... estranho que tal bicho tenha o nome de louva a deus, não é... insectos, brrrr, fazem arrepios na espinha. mas sinto uma atracção incrível por eles... são criaturas espantosas de recursos ainda mais espantosos. já nós...
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