sexta-feira, fevereiro 25, 2005

impenetrável subúrbio



depois dessa esquina mora um vagabundo
atrás daqueles caixotes, uma velha que talvez já tenha morrido
mesmo aqui ao lado, no vão da escada, uma bebedeira acorda, ensurdecedora
e ali ao fundo, iluminado intermitentemente por uma lâmpada mal enroscada, moro eu

não é um excerto do tratado de filosofia do fracasso, ou a memória moribunda do último homem
é a microgeografia do mundo, de um qualquer mundo em que consigas acreditar

depois dessa esquina mora um vagabundo...
...
etc.


31.08.02
(in despojos de lume e de medo, 2000-2002)

2 comentários:

hfm disse...

Estou a tornar-me redundante dizendo que gostei de ler e que gosto muito destes teus poemas.

Anónimo disse...

Votos de bom fim de semana... é sempre muito bom ler-te

Beijinho
www.lbutterfly.blogs.sapo.pt