domingo, junho 05, 2005

XIV



viajante,
não repouses debaixo de uma sombra;
será sempre uma sombra,
representação da frescura
e nunca a carícia da água
ou o arrulho do vento franco

06.12.02

6 comentários:

hfm disse...

Sempre a miragem!

Anónimo disse...

Todos somos viajantes de uma vida, mas creio que a vida é, ela própria, a sua sombra ! Por isso, de madrugada, temos as mãos vazias embora, por vezes, nos pareçam cheias ... de vida !
Belo texto pleno de saber e de sensibilidade !

musalia disse...

Hegel dir-te-ia exactamente o contrário...
mas nada supera o original, penso eu...no entanto quando apenas a sombra existe há que aproveitá-la .
beijos.

Rita disse...

Agora, como me vejo, uma sombra, sem dúvida.

Sombra de mim, sombra de uma vida que não tive e da qual não conheço o sabor.

Sombra... sombra da sombra.

Aqui não há água.

Nem corre o vento fresco.

Outros dias, outros sentires, outra miragem.

Amélia disse...

fFlipe: que bom encontrar depois desta minha de uma semana um poema tão bonito!Beijo

mjm disse...

Hoje, li este poema de outra maneira.
Uma verdadeira alegoria.
Uma exortação à busca da essência.
"sombra é uma representação"
"viajante, não repouses"; não te contentes com uma representação.
Não podia estar mais de acordo.
O timbre do poema lembra os ensinamentos chineses; o tom, o da tranquilidade da sabedoria.
Gosto mesmo de andar por aqui. Thks