inventei-me de novo,
crédulo, louco –
o sol, uma esférica convulsão de vermelhos,
e o ar impregnado de dúvidas.
dei-me outro nome,
troquei de olhar –
a rua, agora deserta, não me espera assim,
e procura por mim agitadamente.
reformulo a dúvida,
repenso tudo –
o mundo, ser vivo à beira da minha ausência,
arfante pelo medo de me perder.
25.01.04
(in horizontes de ouro, 2004)
(in horizontes de ouro, 2004)
5 comentários:
O mundo não tem grande medo de nos perder.
Nós é que temos um enorme medo de perder o mundo, embora o possamos dizer ao contrário.
Fica mais bonito e nós mais importantes.
...
Fiquei a pensar sobre o teu comentário no meu blog a propósito da falácia do tempo (presente, passado, futuro).
É óbvio que tens razão, mas às vezes dou por mim a pensar no tempo assim, de forma linear.
Eu, que nem gosto de coisas lá muito lineares!
Herança cultural, seguramente.
É preciso estarmos atentos para percebermos o essencial das coisas.
Obrigada pela dica.
Jinho + Jinhinho + Jinhão
tens o dom de brincar com as palavras.
abraço da leonor
;*
necessidade de mudarmos de identidade? na essência permanecemos iguais.
ou ânsia de mudarmos o real...mas o que é o real?...
beijos.
Este título é um verdadeiro quebra-cabeças [destruidor/ recriador]?
Obriga-me ao percurso inverso: montar :)
--
Cada estrofe se subdivide, e divide o poema em dois grupos de 3.
Li assim:
inventei-me de novo,
crédulo, louco –
dei-me outro nome,
troquei de olhar –
reformulo a dúvida,
repenso tudo –
o sol, uma esférica convulsão de vermelhos,
e o ar impregnado de dúvidas.
a rua, agora deserta, não me espera assim,
e procura por mim agitadamente.
o mundo, ser vivo à beira da minha ausência,
arfante pelo medo de me perder.
. 2 tríades num díptico; espelhadas
--
Belo poema!
Kisses
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