sábado, junho 11, 2005

VI

é a escuridão de cada beco e
travessa que me impulsiona
me suga para o seu centro
um conhecido desconhecido

vultos de outros pesadelos
são agora companheiros
cúmplices inocentes pela
primeira vez talvez

derrubo o medo e anseio
pelo perigoso frémito
de loucura irracional
de naquele mar navegar

dou dinheiro a quem passa
de olhar feito ameaça
e deleito-me como desistente
na certeza desta incerteza

o futuro é real aqui e agora
que deixa de ser vislumbrado
levianamente para ser apenas
uma luz morta sob a porta

uma madrugada de sol intenso
nos candeeiros urbanos banais
cobre-me a sorte de ilusão

e afasta-se a sorrir a morte

23.05.03
(in o mundo e um pouco mais, 2003)

2 comentários:

hfm disse...

Não comento. Retenho-o.

Anónimo disse...

tanto que, intimamente, desejei ter lido "isto" quando foi escrito... certamente, ter-me-ia acalmado, quando precisei..., tal como todas as tuas outras palavras.... Obrigada