quarta-feira, fevereiro 01, 2006

xi

vão é o equilíbrio que se suspeita alcançar
no sono irreal da vigília
passeiam-se vozes sem importância pelos campos das horas
que se cruzam com os pensamentos, e nenhuma
palavra alheia ganha eco ou reflexo no vocabulário da indiferença.

completamente inútil o hastear das virtudes do acordo, da harmonia entre
o indivíduo e a duna ou o monte de entulho ou outra coisa qualquer
que renomeie o colectivo, o anormalmente colectivo, o artificial
sentimento de pertença que também com o seu manto
agasalha a completa irrelevância.

somos de coisa nenhuma e não quereríamos que fosse outra a nossa
definição, mas não temos palavras para traduzir a aceitação
individual desta evidência. só a sociedade domina
a gramática da insignificância.

dez.16.MMV

2 comentários:

Rita disse...

Aterradora visão da realidade...

De que vale então eu estar aqui?

mjm disse...

"vão é o equilíbrio que se suspeita alcançar
no sono irreal da vigília"
.
Esta máxima seria suficiente. Mas o desenvolvimento enriqueceu-a, pois claro!
A conclusão do último parágrafo é para copiar e emoldurar :)