sábado, fevereiro 25, 2006

xxi

na flor do medo renasces fulva e triste.
quem. quem és. triste da cor do açafrão e incontornavelmente real. renasces
onde. na flor do medo. és incontornável. significas o tempo inevitável.
não. não significas nada. és o tempo mudo.
gotejas vida quando sangras.
és sangue espalhado nos pensamentos. julgaste ser carmesim
mas o teu rio é menos belo. é outro belo. é um som. o rio
que te assassina lentamente vibra como um contrabaixo.
não sei onde morres para reapareceres no medo assim. recebo-te gratamente.
seguro-te nas mãos. o medo fica vítreo contigo dentro.

jan.09.MMVI

5 comentários:

Rita disse...

Se me seguras nas mãos, já não tenho motivo para ter tanto medo, não é?

Que pena não poder ser mais...

Morro por aí, como sempre morri, só, muito só, porque nem sempre me dou ao mundo como gostava, porque nem sempre o mundo é como eu o sonhei.

Rita disse...

O que é ser-se o tempo mudo?

Anónimo disse...

Palavras que burilas deixando apurar a essência dum sentir profundo...gostei deveras deste teu post. Beijinhos :)

isabel mendes ferreira disse...

e o piano agradece....o silêncio da visualização...

beijo e boa noite.

sempre.

hfm disse...

Gostei muito e as palavras abaixo são, em si, um poema. Um abraço

"és incontornável. significas o tempo inevitável.
não. não significas nada. és o tempo mudo."