segunda-feira, março 13, 2006

xxiv

afinal a verdade da luz era imensa quando se escoava por terreiros desertos brilhantes em poeira de dia distante de um tempo de que me lembro só a hora e era tarde já para tudo o que prometia a luz fragmentada nas roupas nos fios de cobre sobre o azul na imensidão do mar exalado pelo próprio deus nu em que o mármore se imaginou deleite e a ânsia foi um rosto de querubim esquecido num altar sem ninguém sem gloria in excelsis deo como a cor que fugiu ao fresco mural a pausa longa que gritou no meio da orquestra morta não fosse o silêncio azul e vermelho das harpas a consonância mais que perfeita o vazio dedilhado a ouro sobre o pensamento

a máquina clara pulsa um conforto piedoso pleno de empatia por toda a inércia minha e das árvores pálidas mesmo sob o signo do sol escuro e timbrado a prata como artigo falso mas bonito quente estretecido na bruma do desejo dos rouxinóis ou de outra folha de papel qualquer que isto da vida do mundo não cabe numa resma bíblia pardo ou manteiga e falta o resto da arte toda por matar

e o vento que já não é verde entretanto pela erosão da realidade cheira a madrugada despida pelas horas que lá passam e a tocam com dedos impressionistas em acordes de uma nota só ritmada a contratempo com os piares discretos como confissões de pã

afinal não custa aceitar a vida encerrada num pisa-papéis sem nada lá dentro

jan.17.MMVI

2 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

____________________afinal só custa escrever______________assim!


repito-me.


belíssimo!

beijo.

isabel mendes ferreira disse...

volto.para dizer...........silêncio_______
______________________e bjo_______________e é tudo___________