quinta-feira, abril 20, 2006

xvi

não há socalcos já dentro de ti.
ficaste pleno, plano, belo.
eras o verde irregular, de timbre em timbre, de tom em tom.
esqueceste a gradação e ficaste limpo, impuro, vivo.
os traçados da pele calejada pelo ócio desfiguram a tua não-idade.
és o tempo que se estendeu como manto sobre virgem.
o tempo é-te a própria virgindade.
perdeste o tempo estriado em esperança.
não há socalcos já no teu olhar.

jan.01.MMVI

3 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

aqui nunca se perde o tempo...ao contrário....respiro. em liberdade...


beijo.

Anónimo disse...

que tempo... o da idade... nunca nos perdemos nesse tempo se nos lembrar.mos que não existe idade...
beijo :)

mjm disse...

este é de se ler no andamento que se quiser!
reli-o e a cada leitura o forro das palavras flectia sombreados de diáfans claridades.
--
para q me não estranhes, tenho q referir a 'mão' nestes 2 trechos:

"ficaste pleno, plano, belo."
"ficaste limpo, impuro, vivo."

a aliteração sonora (plê/plâ) (imp/imp)
e os staccatos (é) (i) abertos
:-)

... são estas fôrmas que dão forma a inúmeros pensamentos que continuam a regozijar-me os sentidos!

beijos, Jota