sábado, março 05, 2005

2



era uma vez no infinito


o requinte de deus consiste na distância

palavras onde nem uma gota de sangue
cabe sem que o sentido se dissolva
em
heresia capital


“há uma lúcida entrega
onde deixou de haver fé”

no infinito, não há palavras esquecidas


sempre que vier o demiurgo
ao mundo incriado
será estrangeiro


“pela mesma lógica
que fez nascer fé”

e deus será filho ilegítimo
de um pai onírico e sem memória


“no lugar da oferenda cega”



morre-se em silêncio, lá.


02.02.04
(in imanências, 2004)

6 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!

Nostálgico e inacessível...

Um Beijinho.

v disse...

Leste-me o pensamento, ou o coração. Nesta manhã...

hfm disse...

Gostei de ler.

Rita disse...

Preciso de voltar aqui.

E de ler outra vez.

Para já, é só o que posso comentar.

E com este é o segundo post. O outro, já o li quatro vezes.

Escreves a um ritmo alucinante e dizes sempre muita coisa, o que é bom - eu é que saboreio mais devagar. ;)

Anónimo disse...

morte anunciada...
que mata mais que a morte...
mata antes de se morrer...

Beijinho grande, Jorge
www.lbutterfly.blogs.sapo.pt

musalia disse...

a problemática da entrega...
beijos.