domingo, março 20, 2005

(dia 24 de junho, 2028)

III
Em fase de revisão? De há quanto tempo, no futuro, me observo? Que pena um personagem não poder partilhar com o seu autor um só momento de mútua existência. Sobrepor-se-iam como dois espectros coloridos? Atravessar-se-iam como fantasmas? (de quem? Mais confusão, por agora não, obrigado) ... No entanto, a perspectiva de um encontro não deixa de ser mais angustiante do que a noção da irrealidade da nossa vida. Ser em alguém (mesmo num futuro interior) não será melhor que Ser em si ?
Futuro interior ... o Tempo aqui dentro bem junto ao nariz da alma, meu caro amigo...

10 comentários:

Leonor disse...

olá.uma amiga, a Dulce Teixeira, da comunidade de leitores, indicou-me uma vista ao teu blog...
gostei sim. vou estar atenta.

soledade disse...

Quando penso em introspecção, penso no eu dividido: o que pensa e o que é pensado. Tu colocas as coisas noutra perspectiva: o eu que se pensa efabula, e depois imaginas o encontro do criador com a personagem. É interessante: "Ser em alguém", "Ser em si", "Futuro interior"... - bons encontros, Jorge
beijo :)

mjm disse...

Ao invés da 'persistência da memória', a insistência na memória (que me perdoe Dalì!).
A este 'ver à frente' não bastava a prolepse construtiva; falta ainda a sincronia! E, como se ainda assim fosse tudo, não!, ainda se acrescenta a nova parábola: o futuro interior!?...
A memória presente (2028) demonstra-me o quanto o 'Sr.Alemão' danificou este par de neurónios.. tss tss
[voltarei a fazer um esforço e retomar este futuro-presentista]
Kiss

lu disse...

Hoje é o dia da Poesia. Ninguèm está esquecido, pois não?

O mundo oferece-nos poesia ... basca que a consigamos ver.

lu

Anónimo disse...

* que saudades desta extensa madrugada...

beijinho grande
www.lbutterfly.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

A pedido da LU, deixo aqui este Poema, neste dia Internacional de Poesia...

"Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."

(Alberto Caeiro)

E uma boa tarde para todos... ;-)

musalia disse...

estes percursos no futuro, perturbam-me nem sei porquê..não pelooutro percurso interior que muitas vezes fazemos...
beijos.

Sara Mota disse...

é só para dizer que não é “um personagem” mas sim UMA…

:D Boa Noite ;P

A. Narciso disse...

A personagem criada é sempre uma face, ou uma face desejado do seu criador. Porem nunca o criador pode ser no seu todo a personagem criada. Convivemos um com o outro, como dois amigos que tudo sabem um sobre o outro.
Gostei muito do texto Jorge.
Abraço

r.e. disse...

Obrigado a todos pela vossa dedicada viagem a estes farrapos de memória, e pelos vossos preciosos comentários. J.