domingo, novembro 27, 2005

iniludível vileza

persistiu) em tempos a

máscara de virtude disfarce de nobreza subtil representação de dignidade caricatura de inteligência amplitude grandiosa de gestos desinteressados ternura contida desejo guardado miséria enriquecida de humildade misericórdia ignorada azedume feito silêncio ouro inventado em tons falsos calor sob a voz que embala o abraço que manipula a arte engendrada no vapor da auto-comiseração o infinito prensado num pensamento a genialidade esquecida na escuridão doente vaidade adiada derretido na indiferença o orgulho fantasia de futuro a enfeitar os instantes borracha purificadora do tempo metamorfoses do ego em lágrimas vãs tristes melodias em delírio de ritmos obcecados mística humana desenhada a inveja e crueldade apetite pela derrocada do sentido sede de noite e eternidade ímpeto de quase tudo no tempo de praticamente nada excitação fulgurante e fugaz tenacidade forjada no limbo do bem-querer dedicado poemas iluminados pela lucidez inocente da ignorância e a

ilusão persistiu) em tempos

Nov.18.MMV

(in geometria da inexistência, 2005)

4 comentários:

Rita disse...

Respiro com dificuldade. Ritmo frenético, o teu. Fantástico!

Bj, de quem tem andado muito ausente.

Azul disse...

Tantas são as palavras possíveis e contudo nao encontro aquelas que desejo dizer agora. Talvez seja indizível o que tenho para expressar. A admiração não chega... não existe outra. Um beijo. Azul.

musalia disse...

eu sou de poucas palavras: perfeito.
o ar é que faltou...

mjm disse...

Perante esta estrutura circular (?), cujo miolo se justapõe sequencialmente, distinguem-se as frases coesas, pujantes de sentido, densas todas! Vis!
Em todas as inúmeras leituras q fiz, uma frase me ficou a circular, endorfina pura:
"o infinito prensado num pensamento"
- arrisco atribuir-lhe a função de 'chave'/'âmago' quer da mensagem, quer da estrutura encontrada para este poema.
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saudades de ficar aqui sentada a ler-te!..
Big kiss