insubmissão e revolta
é inútil o vazio como inútil é a fome
(surpresa envolta em clarões)
como pode a verdade estar mascarada de perfeição ou a perfeição em trajes de nulidade vã?
desfaz-se o sonho em cada manhã?
talvez não... talvez descanse apenas
e o som do sol a cair do outro lado
seja somente o eco desses sonhos...
(a dúvida que se impõe
é da cor das pupilas vítreas
de um mamífero desconhecido)
cai o véu do corpo da rarefação da alma
é desnudada assim na sua virginal beleza
esquálida, enfim, uma carcaça do deserto
que o tempo seco e pesado descarnou já
(grito por ver agora o ultraje
perpetrado pela verdade falsa)
ergo-me?
levanto os olhos?
caminho de rosto sombrio?
expulso a raiva num murro teológico?
Sim.
22.02.04
2 comentários:
Sempre em crescendo. Belo!
Lindo texto. Acompanhado, bem lá ao fundo, por dois contra-baixos... Bj. Penelope
Enviar um comentário