quinta-feira, junho 12, 2008

livro de orações

/nona



tu, que desenhaste o meu epílogo a tinta da china
sobre uma tela pautada povoada de pausas


tu, que me insinuaste perguntas em tons de resposta
e me fizeste crer na infinita curiosidade


tu, arquitecta dos meus sonhos, poetisa da minha dor,
que me inscreveste no panteão negro dos caídos,


liberta agora o teu lirismo todo
e restabelece a minha ausência

não quero ser mais o personagem
dos teus dramas e tragicomédias

- quero o branco do céu
como cenário vazio
da minha translúcida
presença.



onze: 06, MMVIII

6 comentários:

Rita disse...

Assim farei, amigo, ou mandarei fazer.

*

hfm disse...

Sem tempo para ler mas com tempo para a Amizade. 1 abraco.

RC disse...

Mata borrão?

delusions disse...

as orações que nos doem.


belíssimo. como sempre.



Sofia

LM,paris disse...

Querido jorge, so agora vi que tinhas escrito a nona oraçao,
é linda, translucido o corpo.
Se entrasses na luz com o corpo e
nele respirasses o fresco da aurora, a sua cor lilaz, picasses
a lingua na pata infima da formiga e ai sorrisses, todo aberto ao sol espraiado depois no zénith.
Mais tarde, depois de teres aquecido as maos e refrescado os pés, irias descalço caminhar nas pedras.
Sentir tudo nesse espaço para além do corpo circunscrito, e encontravas entao a serenidade, o teu sorriso.
Prometes?
Beijos,
lidia

della-porther disse...

passei pra te deixar um beijo.

della