sábado, abril 05, 2008

livro de orações

/sexta






tu, que verteste o lume sobre as minhas feridas
manto líquido e quente do teu hálito


tu, carpideira silente das noites sem lua
mulher de lágrimas afiadas e agudas


tu, que enuncias a litania do meu lugar vazio
sacerdotisa na língua das pedras




inscreve-me fora do tempo
num tronco de árvore mítico
numa duna sem maré que me apague


inscreve-me em cinza e carvão
num rasto verde de primavera
numa fantasia de inverno sonhado


inscreve-me indelevelmente
numa rua do coração do mundo
num abismo qualquer e vago.



cinco: 04, MMVIII

6 comentários:

Victor Oliveira Mateus disse...

Caí neste blog nem eu sei como, pois bem pouca é a experiência destas coisas... Fui apanhado pelo
fascínio desta escrita. Terei de aqui voltar, quando se tiverem esbatido os reflexos da surpresa. Por agora apenas um "link", para me facilitar o regresso...V.O.M.

www.adispersapalavra.blogspot.com

hfm disse...

Leio e releio em silêncio, em devoção.

Rita disse...

Faltam-me todas as palavras para chegar a ti, foram-se embora, morreram todas, não sei porquê.

Queria dizer-te...

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Lamento.

della-porther disse...

andaria eu numa "rua do coração do mundo", caso a encontrasse.

beijos

della

isabel mendes ferreira disse...

TU!

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rendida!!!!!



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LM,paris disse...

Sin tao amigo jorge,
linda oraçao , no coraçao do mundo a tua voz rendida ao seu querer.
o bater cadenciado, no silêncio do corpo,o sangue a viajar nos rios finos e circulares dos braços todos.
vives nessa rua, do coraçao do mundo, e é com grata emoçao, que te saudo, ainda tonta do caminho percorrido entre Saigao e Paris. um beijinho que suspende e aguarda a tua resposta. até jà, lidia