sábado, outubro 28, 2006

#11

por exemplo, uma quase-morte. não! por exemplo, um pretexto para sorrir. assim está melhor, uma ideia de tempo, de um olhar e ter espaço por onde espraiar a consciência, sim! por exemplo, um direito adquirido por uma bagatela, por uma humildade reconhecida. porque se disse uma quase-morte quando se queria pronunciar um sorriso? por exemplo, quando uma ideia de tempo se forma antes de a sabermos expressar num gesto e temos a urgência de a transformar em som, em signo, em símbolo, a urgência de a matar, não! não a matamos. ah! uma quase-morte, a da ideia que exige ser explodida para fora da nossa compreensão, e não nos ensina a alquimia da sua própria essência, da sua metamorfose, da sua queda em palavra, em forma, em expressão. por exemplo, da ideia que se contenta em ser sorriso por humilde reconhecimento da nossa pobreza demiúrgica. por exemplo, uma cabeça pendida sobre o peito e o olhar perdido no abismo interior da nossa própria comiseração. por exemplo, um traço de luz no passado que nos fez emergir do absoluto que não reconhecemos ser do mesmo tom do arco-íris que nos recebe no lugar de sempre, aí, lá, aqui, por exemplo, onde já não somos.

x.24.MMVI

4 comentários:

hfm disse...

da memória dos traços e do arco-íris. Gostei. Muito.

A. Pinto Correia disse...

Não sei de que memórias; mas que importância tem elas estão aqui taduzidas no Verbo e na excelência?
Abraço

isabel mendes ferreira disse...

tu sim...perfeito.




beijos.

Rita disse...

Querido J.,


Lindo, absolutamente belo e fascinante!

Obrigada pela tua ideia de silêncio no meu espaço. :)

Beijo, quase-morte, um sorriso.