sexta-feira, outubro 20, 2006

#10



por exemplo, o atrito sonoro com o tempo, a cor da dúvida sobre o espaço que verdadeiramente roubamos ao mundo, a certeza do delírio em que se metamorfoseiam todas as respostas verdadeiras. por exemplo, a cegueira assassina da vaidade, o poder oculto do silêncio, a ínfima parte da razão que cabe até ao pensamento mais absurdo. por exemplo, uma dor, por exemplo, uma visão mística que nos surpreende o cepticismo, por exemplo, uma evidência insuportável, com o peso uniformemente distribuído entre o desejo e o terror, arte pura, por exemplo. um gesto pintalgado de divino, um sabor apreciado uma única vez, um sentido nunca usado, um mundo totalmente virado do avesso para nós, por exemplo, o contrário da percepção, um absorver para fora, uma luta com o sensorial, uma batalha pela impermeabilidade da alma, por exemplo. uma morte que nasce à flor da pele e se espalha pelo aroma do espírito, de dentro para fora, de cima a baixo.


x.11.MMVI

4 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

" uma morte que nasce à flor da pele e se espalha pelo aroma do espírito, de dentro para fora, de cima a baixo. "

DIVINOOOOOOOOOOO!


BEIJOS.

hfm disse...

Belo!
Em breve responderei às outra palavras.

A. Pinto Correia disse...

Já te falei do prazer que sinto em te ler?
Abraços

A. Pinto Correia disse...

Por exmplo, porque me apeteceu beber das tuas excelentes palavras, por exemplo o abraço..