domingo, junho 18, 2006

I.


há que aprender (com os pássaros) a morrer
e deixar
que a brisa nos consuma

e saber ver
a preto e branco
(sem amar demais a melancolia)

e aceitar a beleza da ilusão construída


17.02.02
(in
instantes de perplexa aprendizagem, 2002)

12 comentários:

Ana Russo disse...

É triste ver morrer os pássaros. Aconteceu-me, mais uma vez, neste fim de semana. Mas a vida persistiu. Documentei-o. Gostei do que li, por aqui. Parcas, mas sábias palavras :). Bj.

BIOluz disse...

pues si
las ilusiones son construidas
acorde a las necesidades
son tan importantes !


saludos


*igual no comprendo mucho el idioma pero intento leer...

Rita disse...

Muito difícil é fazer isso, J..

Muito difícil...

blimunda disse...

de um solstício. de uma lua cheia. de um verão



virão os dias mais curtos. mas agora
escrevo-te
que o sol incha em solstício
e a lua
prolonga-se no céu
aqui nas arribas
onde o vento fustiga dois aloés
e eu parada escuto
os gritos curvos das gaivotas. está frio.

por cima das águas eu vejo caminhar
essas horas esborratadas de anil
lilás
e nomes. pescadores lançam linhas
transparentes rotas entre o céu
e o mar e o silêncio que os habita.


cheira a maresia
cheira a monte à beirinha do sal
cheira a um sol que vem
lenta
lentamente acariciar o meu corpo. maravilham-me
estas horas roubadas
este momento em que dizemos
já é dia meu amor
se tivessemos amor a quem devotar
o dia e as horas do dia

a cor inaugura-se limpa
inchada de importância:
cai um só nome e deixa-se ficar
entre mim e as asas curvas das gaivotas

eu sei

hoje o sol esqueceu-se de si
e brilha equivocado
noutro lugar

assim
és tu
assim
sou eu

e a revolução dos corpos
dá-se em permanência:

verão
virão os dias mais curtos. depois.

mjm disse...

gostei desta 'secção' de aprendizagem e fiquei tb eu perplexa ao ter aqui encontrado a Bli inflada de verões :)
--
como são bons estes momentos em q aliatoriamente a nossa linha transparente de pescadores de ocasos agarram os peixes gordos das marés da abundância...

(vou roubar-te este comm/poema dela pro meu dixit, q essa menina dá e rouba e, infelizmente, nenhuma editora está atenta tanto como eu às aparições relâmpago dessas palavras trovão)

--
[o final desse poema (aceitar a beleza da ilusão construída) pareceu-me ser o revés viciado da aceitação... nenhum pássaro o aceitaria...] ;)

isabel mendes ferreira disse...

obrigada. J.



Bom dia.

Amélia disse...

Tão bonito, Jorge!Posso divulgar?

hfm disse...

A tua poesia não é uma ilusão construída. Bom reler-te. Um abraço

isabel mendes ferreira disse...

subscrevo a minha querida amiga HFM

........................



em tudo.

lésbica só disse...

´Tive saudades deste lugar, desta poesia Um beijo.

Anónimo disse...

Muito, muito interessante. Gostei muito do texto. Voltarei sempre

um abraço

Anónimo disse...

Poucas palavras, muitas verdades.
Parabéns pelo espaço.
Muito criativo.
Vou visitá-lo outras vezes.

beijos