sexta-feira, junho 02, 2006

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era uma vez no infinito


o requinte de deus consiste na distância

palavras onde nem uma gota de sangue
cabe sem que o sentido se dissolva
em
heresia capital

“há uma lúcida entrega
onde deixou de haver fé”


no infinito, não há palavras esquecidas

sempre que vier o demiurgo
ao mundo incriado
será estrangeiro

“pela mesma lógica
que fez nascer fé”


e deus será filho ilegítimo
de um pai onírico e sem memória

“no lugar da oferenda cega”


morre-se em silêncio, lá.


02.02.04
(in imanências, 2004)

3 comentários:

Anónimo disse...

Aforisticamente: temos requintes de Deus (se a maiúscula é permitida)! A distância está, sempre, onde houver uma palavra a mais para dizer, quanto mais não seja... "até já". Deus existe onde está o Tejo.

Anónimo disse...

Obrigada pela sua visita tão gentil!
Um abraço amigo da Dani

isabel mendes ferreira disse...

beijo....e mais uma vez....espero que tudo a girar....:)