Auto-ironia? De qualquer modo, saboreiam-se as palavras com bastante gozo e prazer estético.
Explico a distinção entre estes dois gozos. O segundo entende-se; o primeiro tem a ver com uma súbita sensibilidade inteligente, que permite tornar muito mais vasto o minimalismo do texto poético, refiro-me à dimensão humana, e não a uma qualquer polissemia de má moda, porque o sentido dele é unívoco, seja ou não auto-ironia, sendo no entanto e sempre uma ironia sobre nós todos, uma complacência irónica, mágicos sem jeito. Um abraço.
As ruas gemem Vejo os lampiões a tenir Os corpos sobre a mesa Levanto a toalha E eis que se abate uma guerra As facas tombam Lâminas pontiagudas como olhos Cera Sémen pendente como um mapa A torneira apagada Cascas Restos de comida nos bolsos O cotão dos livros à solta A espera E vem-me o período Como um relógio perene
7 comentários:
....mas o seu jeito comove....
bom maio. J.
Auto-ironia? De qualquer modo, saboreiam-se as palavras com bastante gozo e prazer estético.
Explico a distinção entre estes dois gozos. O segundo entende-se; o primeiro tem a ver com uma súbita sensibilidade inteligente, que permite tornar muito mais vasto o minimalismo do texto poético, refiro-me à dimensão humana, e não a uma qualquer polissemia de má moda, porque o sentido dele é unívoco, seja ou não auto-ironia, sendo no entanto e sempre uma ironia sobre nós todos, uma complacência irónica, mágicos sem jeito. Um abraço.
(é verdade J.....acutilante! :)
obrigado. bjo.)
Um fio perfeito!
Nota Autobiográfica
As ruas gemem
Vejo os lampiões a tenir
Os corpos sobre a mesa
Levanto a toalha
E eis que se abate uma guerra
As facas tombam
Lâminas pontiagudas como olhos
Cera
Sémen pendente como um mapa
A torneira apagada
Cascas
Restos de comida nos bolsos
O cotão dos livros à solta
A espera
E vem-me o período
Como um relógio perene
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Beijinho,
Alice
é bom espernear por aqui e encontrar este sabor mágico...
quanta graça nas palavras que nao sei se nao estou a rir delas.
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