Por exemplo, um lugarejo escondido fora do mapa, um cheiro a estrume que encanta e inebria porque é infância perdida de novo, as ervas altas a emoldurar as papoilas cobrem o horizonte quando nos sentamos no chão. Por exemplo, um melro, não... uma arvela ou um arvelim sedento, num piar de nostalgia, de saudades de mim, de ti, do tempo em que os matávamos com carinho. Nojo.
Os pequenos pescoços torcidos no torno invencível dos nós dos dedos num estrangular delicioso. Por exemplo, a veneração que protege inexplicavelmente as andorinhas, essas não, que são as galinhas de nossa senhora, argumento de deitar as mãos à cabeça agora e que tinha a força da profecia então, se matares uma andorinha, a primavera pode não acabar, mas farás nossa senhora chorar. Isso não. Mata antes uma carriça para treinar a pontaria ou um tordo, troféu miserável. Po exemplo, um cheiro, não a estrume já, mas a sangue. Sangue seco. Nos dedos pintados pelas penas inertes e ensopadas. O sangue que se saboreia como prova da conquista estúpida. Orgulho de estupor. Vergonha até a memória doer e ir embora chorar e limpar as lágrimas a uma parra qualquer.
v.10.MMVI
9 comentários:
até que a memória deixe de doer....!
magnifico. sempre. beijo. sempre.
isa.
por exemplo....como se escreve assim????
bom dia. J.
beijo.
É para um lugarejo de memórias que eu parto e guardo as tuas palavras.
Por exemplo, uma infância.
bj.
olá ;)
venho todos os dias ler-te...
sempre como uma sina ou uma droga
há algum tempo que não publicas...
espero que estejas bem
um grande beijinho,
alice
de longe...de muito longe. mas sempre de perto. mt. perto.
beijo.
isa.
Me deu agora um aperto no coração, daqueles que faz lembrar da infância, das pipas... Dos ventos e das estrelas cadentes!
Ai... Saudade vai chegar...
Beijos.
estrelas em lisboa...estrela. tu.
olá Jorge :) sempre presente com todo o carinho desta tua amiga maria
Enviar um comentário