domingo, maio 07, 2006

quatro rimas perdidas


I
ontem não choveu
mas nos barrancos e nas encostas
dilataram-se pedras e rios

II
ruíram muros ancestrais
nas vizinhas planuras -
animais em fuga (já mortas as sombras)

III
sem gotas de água
caíram em aromas a pureza e a morte
sobre os limites do verde triste

IV
de longe vi o que pude,
aqui escrevo agora (invento)
o canto amargo do silêncio.
18.05.02

(in prosa perdida, 2002)

6 comentários:

Anónimo disse...

perdidas e encontradas. reinventadas. quero ver se nao o perco para o levar.

Rosario Andrade disse...

Bom dia!!!!
...o canto amargo do silencio! rimas perdidas? a latejar de humanidade...
Bjico!

isabel mendes ferreira disse...

...quatro notas para dizer tudo. dizendo baixo o que fica perto...


belo.
beijo.

hfm disse...

Há nestas rimas perdidas uma música cadenciada com laivos de antanho. Daqueles poemas que perduram.
Um abraço

ricardo disse...

mas que pulsações sempre tão intensas...

Rubens da Cunha disse...

intensa a tua poética.
gostei bastante.
abraços
rubens