domingo, novembro 27, 2005

iniludível vileza

persistiu) em tempos a

máscara de virtude disfarce de nobreza subtil representação de dignidade caricatura de inteligência amplitude grandiosa de gestos desinteressados ternura contida desejo guardado miséria enriquecida de humildade misericórdia ignorada azedume feito silêncio ouro inventado em tons falsos calor sob a voz que embala o abraço que manipula a arte engendrada no vapor da auto-comiseração o infinito prensado num pensamento a genialidade esquecida na escuridão doente vaidade adiada derretido na indiferença o orgulho fantasia de futuro a enfeitar os instantes borracha purificadora do tempo metamorfoses do ego em lágrimas vãs tristes melodias em delírio de ritmos obcecados mística humana desenhada a inveja e crueldade apetite pela derrocada do sentido sede de noite e eternidade ímpeto de quase tudo no tempo de praticamente nada excitação fulgurante e fugaz tenacidade forjada no limbo do bem-querer dedicado poemas iluminados pela lucidez inocente da ignorância e a

ilusão persistiu) em tempos

Nov.18.MMV

(in geometria da inexistência, 2005)

quarta-feira, novembro 23, 2005

sem título


sem título, 2005
Tizas Faber-Castell, branca e sanguina
s/ papel Mi-Teintes, 160grs
o fogo submerso
não ilumina
caminha sozinho
por entre os espaços
frios que a vida
tece entre desejos
e medos

sexta-feira, novembro 18, 2005

sem título

“Onde?” é resposta,
desejo de obnubilar
e olvido desejado.

replico: “Onde?” à
ontológica busca.

Onde sou, fui
ou (des)conheci?
Onde, para quê
ou por que ouro
falso me ocultei?
Onde me espero
d’olhos fechados,
senão nos ontens
odiados, amados,
infinitos e ocos?

21.11.03

(in a língua secreta do egoísmo, 2003)

terça-feira, novembro 15, 2005

Ribatejo seen from the car


Ribatejo seen from the car, 2005
Pastel de Óleo (Faber-Castell)
s/ papel Canson 21 x 29,7 cm, 90 g/m2
inspirado em
"Alentejo seen from the train"
de Fernando Pessoa

Nothing with nothing aroung it
And a few trees in between
one of which very clearly green,
Where no river or flower pays a visit.
If there be a hell, I've found it,
For if ain't here, where the Devil is it?

quinta-feira, novembro 10, 2005

15

dilúvio que invade a própria sede
brado que ao surdo ensurdece
numa pequena esfera de sentido

caminho que apaga a passada
sinfonia sonata concerto silente
que ecoa numa redoma de seda

vento que desfigura o mar calmo
e o sol, ah!, anjo inocente caído
por detrás do tempo cansado

virtude ensinada em vil ardósia
podridão e vício servidos em mel
catacumbas de vitrais vendados

lucidez humilhada pela realidade
infinito aprender da descrença

amor, o incognoscível feiticeiro.


Set.28.MMV

(in encontro entre as pedras suaves, 2005)

segunda-feira, novembro 07, 2005

sem título

o crepúsculo desvenda-se sobre a
ânsia de regresso – metamorfose
do inverno entoado entre as folhas
sobreviventes

14.04.03

(in a incerta permanência da dúvida, 2003)