/primeira
senhora, em teu poder finito e aleatório confio
as minhas preces de ontem e de hoje.
entrego às tuas mãos lânguidas a seiva das
minhas lágrimas
para que nelas banhes o rosto e absorvas
a cor e o sal da minha interioridade.
senhora, em teu poder finito e imperfeito deposito
a esperança de uma luz – não tem de ser brilhante -
basta o calor da verdade e a frescura da paz
para desenhar a pastel um dia com outro tempo.
imploro o abraço das tuas pernas,
dos teus cabelos ondulantes,
dos teus fios de ouro suspensos das asas,
das tuas raízes profundas cravadas no mundo,
o abraço que faça de mim lugar fértil da tua curiosa misericórdia.
senhora, em teu poder finito e inconstante entrego humildemente
o rumo do meu sangue – todo
: do que corre nas veias
e
do que inunda os carris onde desfila inglório
o meu azul final.
vinte: 01, MMVIII
8 comentários:
Até eu, uma agnóstica, seria capaz de rezar tal oração onde as palavras têm o significado dos sentires e a poésis de uma vida.
Posso colocá-lo um dia destes na Linha de Cabotagem? Acho que merece divulgação.
Um beijo
querido Jorge
obrigada por sua visita e por seu apoio. acredite que o carinho de suas palavras ajudam-me e muito.
Ainda sentia a dor de perder um ente tão querido e minha mãe foi hospitalizada há uma semana, está na UTI, com uma grave infecção respiratória. Aos 82 anos ela resiste bravamente e luta para ficar boa. Eu acredito na força de minha mãe para sair desse momento crítico. Rogo a Deus que faça o que for melhor para ela.
E que a mim me dê forças para enfrentar.
pra ti um grande abraço
della-porther
posso juntar-me à tua elegia.oração?
_______________.
sem palavras.
inuteis.
seriam.
beijo.Te.
a que escala devo remeter o "final" aqui escrito? :(
Jorge
Acabei de o colocar on-line na Cabotagem. Um abraço
Que bom reencontrar-te:)...reler-te.
Beijo grande
Senhora, no teu finito entendimento sobre a alma humana, traz ao meu amigo dias mais leves.
Senhora, a ti rogo uma brisa, uma árvore, uma montanha, um motivo para um sorriso, outro tempo.
Senhora, e eu que não sei rezar, que nunca rezei, te imploro que, nesse teu caos, atendas às palavras deste meu amigo.
E o abraces, e o ames, perdidamente,
e o faças lembrar ou esquecer,
ou perdoar-te,
até que chegue a hora do seu azul,
e seja ele a querer partir ou ficar.
orações...
Bjinho*
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