sexta-feira, dezembro 22, 2006

#16

por exemplo, caía uma árvore sem razão e deus ria-se. de quê?, ninguém se atrevia a saber; saberia-o a árvore se tivesse de o confessar, mas a solidão era um estigma silente. vinhas ao longe... não! já não vinhas. eram imagens, por exemplo, miragens, talvez, imaginário podre e incerto. por exemplo, a chuva suspendia o gesto hiperbólico e sorria no ar. não! deus não se ria agora. só o ser humano se ria da morte. deus só se ria da ordem do mundo, por exemplo, e da perfeição. aplanavam-se as colinas em forma de mulher robusta e deus corava. a memória de deus não era infinita mas pouco faltava para poder nomear todos os corpos esculpidos na orografia terrestre, por exemplo, ou cada um dos recantos sumptuosos e idílicos do fundo do mar. inundavam-se os recessos da alma com correntes de pensamentos livres e deus morria. verdejavam no labirinto verde do espírito ideias de mundos possíveis e deus morria. orvalhavam-se as manhãs da mente em gotas de futuro límpido e deus morria. não! o homem nunca se ria da morte de deus.

xii.09.MMVI

2 comentários:

hfm disse...

Para te desejar Boas Festas e o melhor para 2007.

isabel mendes ferreira disse...

abraço. no labirinto de uma noite. e que todo o 24 seja 25....

a sorrir.




beijo.