quarta-feira, outubro 12, 2005

cena em tempo lento


demorei um milímetro a sentir
o perfume de uma queda
(angústia sem porosidade a registar)

vi-te da cor do fundo de mim
e não chorei

caí, depois.


20.01.04
(in horizontes de ouro, 2004)

3 comentários:

mjm disse...

Uma vertigem!
Tão poucos fotogramas e tão nítido!
Que cor terá o fundo de ti?
ks

lu disse...

Que poema tão intenso: milímetro, perfume, queda, angústia, porosidade, cor, fundo, chorei, caí! Como, de uma forma tão perfeita, permites a convivência destes seres lexicais tão díspares. Para mostrar o quê? Um instante.
Gostei muito.
A tua escrita está diferente.
(há os que melhoram e os que pioram; lol)
Beijo

musalia disse...

consonância de cores e sentires...o que é raro.
beijos.