terça-feira, outubro 09, 2007

4º andamento

I

não te lembras de certeza, mas foste já cristal
num rio de aurora sem nuvens

antes de outonares em ocres e terras queimadas
em sombras e tons pastel, foste a suspensão
da própria cor.

talvez disso te recordes, teres sido vulto de névoa
sobre planície de lençóis cálidos

para te avivar a memória deixo uma canção
sem letra nem melodia, somente o olhar
que a trauteia.

12 comentários:

Azul disse...

também tu já foste nada, ódio, vazio
hoje, vínculo sóbrio, autêntico, puro
sabes como me encanta a natureza das coisas e a magia que uma mão pode trazer á nossa vida, quando em palvras somos parcos e menos aptos do que tu a usá-las para dizermos de nós o quanto te somos gratos...


belo texto o teu.
Um beijo terno. Azul

p.s. Duas moradas novas, pois decidi publicar os meus textos em ambientes diversos. Assim, o azul ficará para a pseudo-poesia; o amarelo para os ensaios humoristicos e o carmim, para me dar ao disfrute dos sentidos. Espero-te por lá, e aguardo sempre com espírito de aprendiza, os teus sábios comentários.
Aqui vão:

www.cemtruquesamarelo.blogspot.com
www.cemtruquescarmim.blogspot.com

Até breve. Azul.

hora tardia disse...

olhar que fica.

secreto e íntimo.


________________


gostei tanto.


_______________.


beijo.

delusions disse...

...tão especial...

adorei

Bjs*
e um bom fim-de-semana

Anónimo disse...

Gostei tanto...

como sempre.

E sempre um prazer tao grande passar por aqui!

obrigada...


Beijinho

hfm disse...

Do olhar da poésis.

della-porther disse...

há muito não vinha aqui. gostei de ter retornado.
deixo-lhe uma dica , procuras o gupo Tord Gustavsen Trio. vais adorar a músicas desses caras.

um abraço
volto


della
vou visitar seu flickr

Rita disse...

Olá, J.

Queria dizer-te que me lembro de tudo, mas que fingo não ver esse olhar - porque a memória me pesa.

Beijo.

blimunda disse...

dias a dias

a gente entrega asim um corpo a outro
na esperança que ele o devolva roído
de ossos
e tristezas e
no final
os dias são a sombra exacta dos teus olhos
o momento certo em que uma dor
qualquer
maior que a vida toda
se interpôs entre mim
e ti

sei
: há esse quotidiano de mãos
que se afundam na distância
e beijos por dar
sempre por dar
:há essa fronteira de vidro
inquebrantável fronteira de vidro
e casas de onde semeamos as palavras como segredos

e, é verdade,
uma andorinha nunca basta
para toda a primavera
como poderíamos, então
crescermo-nos
um no outro?


(temo ter-te já dito demasiado)

o que na verdade acontece é
tangível apenas
no pensamento.

tempo disse...

R.E.


a sua simplicidade encantou-me.


Cordda

Anónimo disse...

Hum... Isto é um impressionismo tipicamente debussyano....
Quando é que pensa meter algum Bártok ou Stravinsky por aqui?




(lá estou a armar-me em esperto, algo de que não me consigo curar!)

Rosario Andrade disse...

... e no entanto, apenas nos sons das palavras, posso adivinhar a melodia!

Bjicos

flôr de sal disse...

Há uns dias sonhei contigo. Vinha a sair de uma conferência, descia as escadas para a rua e quando tocava o último degrau, senti tocarem-me no ombro, eras tu e foi só aí que me apercebi que tínhamos estado ambos na mesma sala sem que me tivesse apercebido. Abracei-te imediatamente e lembro-me de ter sorrido imensamente. Perguntaste-me "como estás minha querida" e eu não me queria separar de ti, respondi "tenho saudades tuas", depois, tivemos de nos deixar...