/quinta
mulher de nunca, senhora, luz
não fantasies sobre a minha morte
renuncia ao ímpeto criativo
não sou teu personagem
não sofro mais por ti
não me vivas mais
mulher de lume, de sempre, lírio
deambula por mim adentro mas
sem o peso do amor, sem a
liberdade da influência, com
o voto de silêncio nos dedos
e a renúncia na voz
mulher colibri, de agora, harmonia
deixa-me perpassar o mundo
num acorde só, numa nota
suspensa nas tuas vogais, no
timbre do teu gemido quando
choras pelos teus filhos
mulher, senhora, do tempo morto
fecha-me os olhos com tua saliva
acre e límpida, num beijo de
mãe sobre um órfão de ti
- aceito a tua morte anterior
ao meu renascimento.
vinte e quatro: 03, MMVIII