sábado, abril 02, 2005

XII

adio a verdadeira auto-revelação feita escrita
lúgubre sobre o que intuo me invadir derradeiramente.
sei a cor do débil apagar de todas as velas e
comprometo a minha inteligência em cada olhar
sorridente sobre um poema assinado – prova irrefutável
da sede de paz enganadora e triste. adio o afecto
que adivinho nascer nesse momento em que convergem
as fés e as descrenças, em que brilha o sol
e a lua simultaneamente, em que caem as estrelas
duas a duas (porque o mal se partilha também no
universo inerte). adio o deslumbramento doloroso, não
por parca audácia mas por me quedar a olhar demasiado
tempo o rio de águas paradas (translúcidas, porém) da
vida que me banha.

27.05.03

(in o mundo e um pouco mais, 2003)

4 comentários:

A. Narciso disse...

Gosto muito mesmo de ler os teus textos Jorge.
Abraço e boa semana

Amélia disse...

...e já o sabes: eu também,Beijo

mjm disse...

Adiei comentar.
Mas este texto é um prelúdio que ante-escreve a história. O 'funniest' é eu andar à volta de uma ideia que ainda não desaguou num texto... adio

musalia disse...

estou meio afastada dos comentários como já notaste.também já deves ter percebido a razão...aproxima-se a travessia do deserto. mesmo assim, deixo-te um desafio que me foi transmitido pela lique. se estiveres disposto a dar-lhe seguimento, tens de publicar as respostas e escolher outros três potenciais seguidores... (vê o meu post).
beijos.